Abicalçados diz que elevação de juros desestimula investimentos e demanda

Conforme a entidade, a elevação da taxa básica de juros trará impactos à sustentação do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB)

 

A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) manifesta posição contrária à possibilidade de elevação da taxa básica de juros Selic nas próximas reuniões do Banco Central, que acontecem nos dias 17 e 18 de setembro.

Conforme a entidade, a elevação da taxa básica de juros trará impactos à sustentação do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), fragilizando a possibilidade de crescimentos mais robustos ao desestimular investimentos e a demanda. “O Brasil detém, atualmente, uma das maiores taxas reais de juros do mundo, associada a uma política monetária contracionista iniciada há mais de dois anos, motivada por um cenário internacional adverso e inflação crescente”, diz em nota. Com a taxa básica de juros, Selic, em 10,5% desde maio de 2024, a taxa real de juros situa-se em torno de 6,4%, patamar acima da taxa natural de juros - taxa de juros de equilíbrio - estimada pelo próprio Banco Central (4,75%). “A elevação da taxa básica de juros trará impactos à sustentação do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), fragilizando a possibilidade de crescimentos mais robustos ao desestimular investimentos e a demanda que, puxada pela despesa de consumo das famílias, tem contribuído positivamente para o crescimento da economia brasileira ao longo de 2024”, continua. 

A nota da entidade calçadista segue frisando que “o elevado patamar da taxa de juros tende a conter a demanda agregada, interrompendo o crescimento sustentado da atividade econômica no País e desestimulando os investimentos, sendo nocivo à competitividade da indústria nacional no contexto global”.  Segundo a Abicalçados, no cenário internacional, há um movimento de redução da taxa básica de juros em diversos países. O Banco Central Europeu, por exemplo, em junho, reduziu em 0,25% a taxa básica de juros, passando-a para 3,75%. Ademais, com a desaceleração da inflação acumulada em 12 meses nos Estados Unidos, há perspectivas de que o Federal Reserve (FED) reduza a taxa de juros estadunidense na próxima semana. “Estes movimentos possibilitam cortes na Selic sem que haja redução do diferencial de juros do Brasil frente a estas economias”, diz a nota.

Ainda de acordo com a publicação, há indícios de desaceleração da inflação no Brasil, visto que o Índice de Preços ao Consumidor  Amplo (IPCA) apresentou, em agosto, a primeira deflação em 14 meses, registrando queda de 0,02% no nível geral de preços. “A Abicalçados reconhece que é necessária cautela na condução da política monetária do País. Contudo, em vista do cenário atual, não vislumbra a necessidade de elevação da taxa básica de juros e manifesta sua preocupação quanto à pressão para que ocorra um aumento da Selic na próxima reunião do Banco Central”, conclui a nota. 

A indústria calçadista, juntamente com outros setores produtivos, necessita de um ambiente econômico estável e alinhado ao contexto internacional, favorável ao investimento, para contribuir com o desenvolvimento socioeconômico do Brasil, por meio da geração de emprego e renda.