Abicalçados e ApexBrasil renovam Brazilian Footwear para próximo biênio

Renovação prevê investimentos de mais de R$ 36 milhões em ações de promoção comercial e de imagem para exportações

 

A parceria entre a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), que desde o ano 2000 mantém o Brazilian Footwear, programa de apoio aos embarques internacionais de calçados, foi renovada para o biênio 2024/2025. Para os próximos dois anos, o programa prevê investimentos de mais de R$ 36 milhões em ações voltadas à internacionalização e promoção da indústria calçadista. Metade do investimento é proveniente da Agência e o restante é aportado pelas empresas participantes do Programa. 

O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, destaca a importância do programa para as exportações do setor. Segundo ele, em 2023 as ações apoiadas geraram US$ 147,5 milhões (R$ 872,3 milhões). “No ano passado, o Programa investiu R$ 20,3 milhões em ações, considerando o investimento da ApexBrasil e o investimento em  contrapartida tanto das empresas quanto da Abicalçados. O retorno sobre investimento foi de R$ 43 para cada R$ 1 investido”, informa o executivo, ressaltando que mais de 80% do total gerado pelas exportações brasileiras de calçados são oriundos de empresas apoiadas pelo Brazilian Footwear. “O Programa, desde o ano 2000, não apoiou apenas o aumento de volume embarcado, mas sobretudo apoiou a maior diversificação de mercados e produtos exportados. Quando assinamos o primeiro convênio, nossos embarques iam para 99 destinos. Passamos para mais de 170 mercados em 2023”, acrescenta Ferreira. 

Para o próximo biênio, o Brazilian Footwear promoverá ações que tenham impacto direto ou indireto nos mercados-alvos do Programa, escolhidos pelos associados em reunião conduzida pelas áreas de Inteligência de Mercado da ApexBrasil e da Abicalçados. No ano passado, foram elencados como prioritários os mercados dos Estados Unidos, Colômbia, Chile, Emirados Árabes Unidos, Alemanha e Angola. Já os mercados-alvo secundários, que serão trabalhados para entendimento e prospecção para ações futuras durante o biênio, serão Arábia Saudita e Austrália.

Meta
O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, destaca que o apoio da ApexBrasil visa desenvolver a cadeia produtiva do calçado, com o objetivo de que se torne, nos próximos anos, uma das maiores do planeta. “Há poucos anos atrás éramos a terceira maior produtora de calçados no mundo e hoje somos a quinta, a maior fora da Ásia. Reunimos, aqui, todas as condições de voltar aos patamares de anos passados. O sapato desenvolvido pela nossa indústria não perde em qualidade para nenhum no mundo”, comenta Viana. 

World Colors: crescimento para 2024

 

Uma das empresas participantes do Brazilian Footwear é a World Colors, de Birigui/SP. A fabricante de calçados infantis para meninas, que produz 600 mil pares de sapatinhos por ano, dos quais exporta 20%, está otimista para 2024. O gerente de exportação da empresa, Rodrigo Nunes, explica que para o ano que inicia a meta é aumentar a fatia exportada para 30%. “Para isso, o apoio do Brazilian Footwear será fundamental. Participamos, pela primeira vez, da Expo Riva Schuh, em Riva del Garda, e os resultados foram muito bons, especialmente para a conexão com o mercado europeu, onde queremos atuar com mais força nos próximos anos”, explica, ressaltando que a empresa está negociando com três distribuidores do continente, um italiano e dois espanhóis. Atualmente, a World Colors exporta seus produtos para Ásia, África, Oriente Médio e Europa, sendo que 70% deles é com marca própria e o restante private label (marca do cliente). Para os próximos anos, Nunes conta que a calçadista buscará ampliar a participação na Itália e, para isso, estuda participar também da Micam Milano. 

Segundo o gerente, o apoio do Brazilian Footwear vai muito além do subsídio financeiro para as feiras e ações internacionais. “O Programa apoia também com toda a expertise necessária para as exportações, inclusive com inteligência de mercado, o que ajuda na adoção de estratégias internacionais”, avalia.

Calçados Status: empresa voltada à exportação

 


A Calçados Status (Três Coroas/RS), indústria de calçados femininos que produz a marca Capelli Rossi e private label, nasceu voltada para o mercado internacional. Embora refém das oscilações internacionais, que no ano passado foram impulsionadas pelas guerras entre Ucrânia e Rússia e pelo retorno da política de exportações agressivas da China, a empresa tem no Brazilian Footwear uma espécie de “porto seguro”. Com uma produção de 1 mil pares diários, dos quais embarca 70% para países do Leste Europeu e do Oriente Médio, além de Nova Zelândia, Canadá e Chile, a calçadista participa das feiras italianas Micam Milano e Expo Riva Schuh, nas quais tem apoio fundamental do Brazilian Footwear. “Sem esse apoio, dificilmente conseguiríamos participar das feiras com estande próprio”, avalia a gerente de exportação da empresa, Juliana Behrend.

Segundo Juliana,  o ano de 2023 foi de dificuldades, especialmente perante um 2022 extraordinário. “O ano de 2022 é uma base forte, com muita euforia - e endividamento - dos mercados internacionais. Em 2023, sentimos a oscilação do mercado, com desaceleração do consumo de calçados provocado pela inflação, principalmente na Europa”, avalia. Para 2024, a meta é manter e até mesmo ampliar a carteira de clientes. “Provavelmente não teremos incremento das exportações em volume, mas buscaremos manter mercados para quando a situação estiver mais normalizada no cenário internacional”, completa Juliana, ressaltando que o ano iniciou mais fraco, mas que deve melhorar ao longo do segundo semestre.

Ferricelli: boas expectativas

 

A Ferricelli, produtora de calçados masculinos de Franca/SP, contará com o apoio do Brazilian Footwear para bater a meta de crescimento de 30% nas exportações ao longo de 2024. Atualmente exportando cerca de 25% de sua produção de 2 mil pares por dia para países da América Latina, a empresa quer aumentar essa fatia nos próximos anos. “A exportação vem ganhando espaço na Ferricelli. Com as ações apoiadas pelo Programa, buscaremos crescimento ainda maior”, comenta a gerente de exportação da Ferricelli, Janaína Rezende. 

Segundo a gerente, o ano de 2023 foi atípico nas exportações e quebrou uma sequência de crescimento. “Tivemos uma queda de 17% em relação ao ano de 2022, especialmente em função da queda no consumo de calçados no mundo”, conta. Para 2024, com boas expectativas diante da perspectiva de crescimento da economia mundial, a empresa já mapeou participações na Micam Milano e na BFSHOW - Brazilian Footwear Show. “O Brazilian Footwear tem sido bastante importante para o incremento no mercado internacional, não somente pelos incentivos financeiros, mas também por todo apoio de  marketing”, avalia Janaína.  

PVC Indústria: visão abrangente de atuação internacional

 

A PVC Indústria, produtora de calçados injetados em pvc de Juazeiro do Norte/CE que produz as marcas Vizzia, Delta Sport, Macarena, Bia Kids, Léo Baby, Bia Baby e private label estreou em ações do Brazilian Footwear no ano passado, participando da Missão Comercial Colômbia. Com uma produção de 10 mil  pares de calçados por dia, dos quais exporta cerca de 10% para o Paraguai, Panamá, Uruguai e Equador, a empresa quer aumentar a fatia exportada, principalmente para países da América Latina. Segundo o gerente de exportação da PVC Indústria, André Duarte, o ano de 2023, apesar dos desafios impostos, foi de estabilidade em relação ao ano anterior. “O apoio do Brazilian Footwear, na participação da Missão Comercial Colômbia, auxiliou para que nossas exportações seguissem estáveis mesmo diante de um mercado mais difícil. Lá, fechamos negócios com a marca do cliente. Voltaremos em 2024 para fechar também com marca própria”, comenta Duarte, ressaltando que as exportações da empresa são divididas entre 60% private label e 40% marca própria.  

Para Duarte, a entrada da empresa no Brazilian Footwear tornou a visão estratégica das exportações mais abrangente. “Tínhamos experiência na área, mas o Programa nos proporcionou uma visão mais segura de atuação no comércio exterior”, avalia. Para 2024, o gerente prevê o aumento da fatia exportada, para entre 12% e 14%, o que significa um crescimento entre 2% e 3,5% dos embarques ao longo do ano. “Buscaremos a meta com a consolidação de parcerias e também com a continuidade na participação nas missões internacionais”, completa.

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