Abicalçados participa de reunião com o Banco Central

Entidade foi convidada para traçar um panorama do setor calçadista nacional

Visando traçar um panorama do setor calçadista brasileiro, o Banco Central convidou a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) para participar da "Reunião Panorama Setorial" no último dia 4 de junho. Na oportunidade, a economista e coordenadora de Inteligência de Mercado da entidade calçadista, Priscila Linck, detalhou dados e projeções para a atividade no curto e médio prazos. 

Tendo crescido 4,3% em 2024, quando produziu mais de 929 milhões de pares, o setor calçadista está ancorado no crescimento do consumo doméstico, onde ficam mais de 89% de suas vendas. Apesar de a produção de calçados ter ficado estável entre janeiro e abril (crescimento de 0%), Priscila destacou que a projeção é de uma melhora nas vendas no mercado interno ao longo do segundo semestre, com o setor encerrando 2025 com crescimento entre 1,4% e 2,2% (entre 942 milhões e 949 milhões de pares). Nas exportações de calçados, que cresceram 9,8% no primeiro quadrimestre, o movimento é inverso, com arrefecimento esperado para a última parte do ano. A estimativa da Abicalçados é de que as exportações fechem 2025 com incremento entre 1,2% e 4,1%, para mais de 100 milhões de pares. 

Guerra tarifária EUA x China
Entre os fatores que vêm impactando a performance do setor calçadista, Priscila ressaltou as instabilidades provocadas pela guerra tarifária entre Estados Unidos e China no ambiente internacional. Segundo ela, apesar de a guerra comercial fazer com que compradores dos Estados Unidos busquem fornecimento alternativo ao chinês no Brasil, o maior produtor do setor fora da Ásia, existe um movimento preocupante de aumento das importações de calçados chineses no varejo brasileiro e em mercados cativos para o produto nacional, especialmente na América do Sul. Segundo ela, no quadrimestre, as exportações de calçados da China cresceram 1,1% (para mais de 2,9 bilhões de pares). Para a América do Sul, o crescimento, no mesmo intervalo, foi de 19%. Além disso, a Abicalçados está atenta ao risco de triangulação das importações, que é quando o país de origem da mercadoria envia seus produtos para serem exportados via outros países com o objetivo de fugir das tarifas aplicadas. “No caso da China, existe um risco importante de essas triangulações serem feitas por meio de países vizinhos como Vietnã e Indonésia”, frisou. 

Objetivo da reunião
As reuniões com o Banco Central são realizadas desde 2017 e apontam para a importância da representação da Abicalçados. Os encontros com representantes do setor privado, cujo objetivo é a troca de informações sobre a atividade econômica e movimentos de cada segmento, são anuais. Essa aproximação entre o setor privado - economia real - e o Banco Central - autarquia monetária - é relevante para maior compreensão da dinâmica da economia, seus efeitos sobre o setor e compreensão de possíveis gargalos e pressões sobre custos.