Abicalçados repercute linhas anunciadas pelo BNDES dentro do Brasil Soberano

 

Segundo a entidade, linhas de crédito são importantes, mas é preciso medidas para proteção ao emprego 

A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) avalia positivamente os esforços do Governo Federal para o financiamento a longo prazo de empresas atingidas pelo tarifaço de 50% a produtos brasileiros nos Estados Unidos. Por outro lado, a entidade frisa que, para complementar o esforço, serão necessárias medidas “cirúrgicas” de proteção ao emprego.

O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, destaca que as linhas anunciadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que somam um total de R$ 30 bilhões, ajudam, mas não resolvem totalmente os graves problemas ocasionados pelo tarifaço norte-americano para o setor calçadista. “Como uma atividade intensiva em mão de obra, que emprega diretamente mais de 290 mil pessoas, necessitamos de medidas de proteção ao emprego. A empresa que deixa de atender seu principal mercado internacional, os Estados Unidos, não vai conseguir manter empregos com mais dívidas a pagar, mesmo que os juros praticados sejam abaixo dos juros de mercado”, avalia o executivo, acrescentando que “se o setor não conseguir manter suas exportações, ficará até mesmo difícil cumprir os compromissos estabelecidos pelos empréstimos”.

Na semana passada, Ferreira levou demandas de proteção ao emprego para o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. Entre elas, estão a suspensão do contrato de trabalho por até 90 dias; a possibilidade de prorrogação dos prazos de redução de jornada e salário e de suspensão do contrato pelo Poder Executivo; e o pagamento ao empregado, com recursos da União, de um auxílio imediato compensatório, calculado sobre o valor do seguro desemprego a que o trabalhador teria direito, em percentual proporcional ao da redução do salário ou da suspensão do contrato de trabalho. Segundo o executivo, o assunto está em análise pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

As linhas
As linhas anunciadas pelo BNDES são destinadas a empresas brasileiras que tenham mais de 5% do faturamento advindo de exportações para os Estados Unidos. Para estas, as taxas de juros praticadas terão um mínimo de 0,58% ao mês. Empresas que foram afetadas de forma indireta também poderão acessar a linha própria de financiamento do BNDES, com juros de 1,15% ao mês. Para acessar as linhas, as empresas ainda precisam garantir a manutenção dos postos gerados a partir do 5º mês do início do empréstimo (média até o 16º).