Ano de 2024 deve somar mais de 890 milhões de pares de calçados produzidos

Crescimento deve ser de mais de 3%. Para 2025, a projeção é de incremento produtivo de cerca de 2%

O ano de 2024, embalado pelo consumo doméstico de calçados, deve ser positivo para a indústria calçadista. Conforme projeções elaboradas pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), o ano deve encerrar com crescimento de mais de 3% na produção, o que significa mais de 890 milhões de pares produzidos.

Embora o crescimento no mercado doméstico, que acontece estimulado pela queda na taxa de desemprego (6,2%) e pela melhora no nível de renda média do brasileiro, o setor calçadista viu suas exportações caírem ao longo de 2024. Conforme as projeções da Abicalçados, o volume embarcado deve cair até 20% no comparativo com 2023. “De janeiro a outubro, tivemos um crescimento de 10% no consumo aparente - mercado doméstico, somando importações -, em relação ao mesmo período do ano passado. Como mais de 85% das vendas da indústria calçadista provém do mercado interno, temos um impacto importante. Já quanto às exportações, tivemos impactos negativos de quedas para os Estados Unidos e Argentina, embora este segundo mercado venha performando melhor nos últimos meses”, avalia o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira. 

Projeções 2025
No ano de 2025, se confirmadas as projeções da Abicalçados, a indústria deve recuperar as perdas do setor registradas com a pandemia de Covid em 2019. Segundo a entidade, a estimativa é de um crescimento de cerca de 2% na produção, o que faria com que a indústria somasse 904 milhões de pares produzidos - em 2019, a produção foi de 898 milhões de pares. “Assim como em 2024, embora com um maior equilíbrio, o incremento deve vir embalado pelo mercado doméstico”, prevê Ferreira. Para o próximo ano, conforme a Abicalçados, as exportações devem ficar entre uma banda de crescimento de 0,2% a uma queda de 1,9% em relação a 2024. 

Desafios
Segundo Ferreira, em 2025, quando retorna gradualmente a oneração da folha de pagamentos, um dos principais desafios será, justamente, seguir trabalhando com todos os setores que mais empregam para que a desoneração ampla esteja presente na Reforma Tributária. “Taxar criação de empregos é uma insanidade que vai contra não somente o fortalecimento da indústria nacional, mas contra o povo brasileiro, pois breca a criação de novos empregos”, avalia o executivo. 

Outro desafio é a alta na taxa de juros, que chegou a 12,25% em dezembro. “O fato dificulta investimentos do setor, já que investidores, em vez de investir na indústria e varejo, muitas vezes, optam por deixar seus recursos rendendo invés de investir, por uma questão de segurança e rentabilidade”, comenta o dirigente, destacando, ainda, o elevado o nível de endividamento das famílias como um entrave ao crescimento do consumo interno. 

Entre outros pontos, Ferreira lista, ainda, a importância da proteção da indústria nacional diante da concorrência desleal e predatória imposta pelos calçados asiáticos, agora “turbinada” pelo crescimento das vendas via plataformas internacionais de e-commerce. 

A indústria nacional
Quinta maior produtora de calçados do mundo, a maior do Ocidente,  a indústria calçadista brasileira deve encerrar 2024 com uma produção de mais de 890 milhões de pares. Com mais de 5 mil empresas, a maior parte de micro e pequeno portes, o setor gera, diretamente, mais de 296 mil empregos em todo o Brasil.