Consumo de calçados deve aumentar mais de 3% em 2023

Absorvendo mais de 85% das vendas, mercado interno deve consumir entre 754 e 757 milhões de pares

Conforme projeções da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), em 2023, o crescimento do setor deve se dar pelo mercado interno, que absorvendo mais de 85% das vendas de calçados deve consumir entre 754 e 757 milhões de pares (altas entre 3% e 3,4% ante 2022), crescimento que ainda situa o mercado interno cerca de 7% abaixo do nível prévio à pandemia. A projeção foi anunciada ontem, dia 25, durante o evento Análise de Cenários, realizado pela entidade no formato digital. 

 

O evento iniciou com a apresentação do doutor em Economia e consultor setorial Marcos Lélis, que falou sobre o cenário macroeconômico internacional e nacional. Segundo ele, a inflação mundial elevada nas principais economias, o ajuste de estoques nos Estados Unidos, a redução dos preços dos fretes internacionais e a retomada da China após um período de restrições provocado pela política de Covid Zero devem impactar nas exportações brasileiras. “A valorização do real diante do dólar, resultado da alta taxa de juros praticada no Brasil e da queda dos juros nos Estados Unidos, também deve ter impacto nos resultados das exportações”, disse.

 

A economia brasileira, por sua vez, deve crescer 0,9% em 2023, depois de um crescimento mais expressivo, de 2,9% no ano passado. “O Brasil, já falamos em outras oportunidades, tem um teto de crescimento provocado pelas dificuldades estruturais, de falta de investimentos públicos e privados. Hoje, operamos com a taxa de juros elevada, o que dificulta e encarece ainda mais o crédito”, ressaltou Lélis. O endividamento das famílias, ainda em padrões muito elevados, de 78,3%, também deve impactar no crescimento da economia nacional.

 

Exportações perdem força

A coordenadora de Inteligência de Mercado da Abicalçados, Priscila Linck, destacou que, diferente do ano passado, em que o crescimento foi impulsionado pelas exportações de calçados, em 2023 o incremento será resultado do aumento do consumo interno. Para o ano, segundo a economista, existe um cenário de choque de desvalorização cambial, somado à redução do custo do frete internacional, beneficiando as exportações asiáticas, a retomada forte da China, o ajuste de estoques nos Estados Unidos e a desaceleração internacional provocada pela inflação. “O real valorizado torna o produto brasileiro mais caro para o comprador internacional, ao mesmo tempo em que a queda no valor dos fretes internacionais favorecem a retomada das exportações da China. Já nos Estados Unidos, nosso principal destino no exterior, o varejo comprou mais do que foi consumido ao longo de 2022. Agora, o varejo local deve realizar um ajuste de estoques e, consequentemente, diminuir suas importações totais”, explicou. 

 

Neste cenário, segundo Priscila, as exportações de calçados devem cair entre 6,7% e 9,1% em 2023 - para entre 129 milhões e 132,4 milhões de pares - , ainda assim ficando acima dos níveis pré-pandemia, em 2019. “Desta forma, compondo a queda nas exportações e o crescimento no mercado interno, devemos encerrar o ano com uma produção de calçados entre 1% a 1,7% maior do que em 2022, com a soma de aproximadamente 860 milhões de pares produzidos", projetou Priscila. 

 

Além dos dados apresentados, outros registros, análises e projeções podem ser acessados no Relatório Setorial Indústria de Calçados 2023, que também foi lançado durante o Análise de Cenários. Baixe a publicação gratuitamente. A íntegra do evento pode ser assistida no YouTube da Abicalçados. O Análise de Cenários teve o patrocínio da Caimi & Liaison e Sicredi, com  apoio institucional do Sebrae.