Com crescimento de 4,3% na sua produção em 2024, a indústria calçadista brasileira ultrapassou os números registrados em 2019
Com crescimento de 4,3% na sua produção em 2024, a indústria calçadista brasileira ultrapassou os números registrados na pré-pandemia, em 2019, alcançando mais de 929 milhões de pares produzidos. O dado foi apresentado na coletiva de imprensa realizada hoje (20) na BFSHOW, feira calçadista que acontece no Distrito Anhembi, em São Paulo/SP, entre os dias 19 e 21 de maio.
Na oportunidade, em que também foi lançado o Relatório Indústria de Calçados - Brasil 2025, publicado pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), o presidente-executivo da entidade calçadista, Haroldo Ferreira, destacou as projeções para o ano. Segundo ele, em 2025, a indústria deve crescer entre 1,4% e 2,2%, chegando ao maior volume de calçados produzidos em 11 anos (entre 942,5 milhões e 949,9 milhões de pares produzidos). “A BFSHOW vem mostrando que chegaremos a esses números, que devem ser impulsionados, principalmente, pelas exportações, que devem crescer entre 2,1% e 5,2% ao longo do ano”, projetou. Já o consumo interno, que foi o motor do crescimento no ano passado, quando cresceu 8,4%, deve crescer menos. Ferreira frisou que, no primeiro trimestre de 2025, o crescimento da produção ficou em torno de 1%, ainda abaixo da banda projetada. “Porém, nos próximos meses devemos registrar um incremento mais significativo”, disse.
Estados Unidos
O executivo da Abicalçados destacou que as projeções mais otimistas levam em consideração reflexos da guerra tributária entre Estados Unidos e China, que tem feito com que compradores norte-americanos busquem mais o mercado brasileiro. “Embora tudo possa mudar, bastando um canetaço de Trump, existe uma instabilidade no mercado e os compradores dos Estados Unidos vêm buscando fornecedores alternativos aos chineses”, explicou, ressaltando a presença de muitos compradores norte-americanos na BFSHOW.
Importações
“Mas nem todas as notícias são positivas”. Dessa forma Ferreira introduziu um tema que tem preocupado a indústria calçadista nacional: as importações. Segundo ele, com a guerra comercial em curso, os exportadores chineses vêm buscando “desovar” sua produção em mercados que não o norte-americano, inundando não somente mercados cativos para o calçado brasileiro no exterior, mas o próprio mercado interno. “No primeiro quadrimestre, as importações alcançaram 16,6 milhões de pares, 28% mais do que no mesmo período do ano passado. Desses, a maior parte são provenientes da China, Vietnã e Indonésia”, comentou.
Para conter o problema da invasão de calçados asiáticos, o dirigente da Abicalçados frisou que a entidade vem trabalhando com o Governo Federal para o aperfeiçoamento de mecanismos de defesa comercial, como as cotas de importação. Conforme levantamento da Inteligência de Mercado da Abicalçados, a cada 1 milhão de pares importados são perdidas, ou deixadas de serem criadas, 2,2 mil vagas na indústria calçadista brasileira. “É um problema muito sério e que vem sendo trabalho no âmbito federal”, concluiu.
Números da feira
O CEO da NürnbergMesse Brasil, João Paulo Picolo, destacou o crescimento da BFSHOW, que na sua quarta edição já é a maior feira calçadista da América Latina. “Nesta edição, tivemos um crescimento de 30%, com um espaço total de 32 mil metros quadrados e mais de 350 marcas brasileiras. Já o pré-credenciamento de visitantes, entre lojistas e importadores, foi 60% maior do que na edição anterior, o que nos permite ter uma projeção bastante positiva com relação à visitação”, explicou.
Competitividade
Representando a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), parceira na realização do Projeto Comprador da feira, por meio do Brazilian Footwear, a gerente de Indústria e Serviço da agência federal, Maria Paula Velloso, destacou a importância da feira para o fomento das exportações de calçados. “A Abicalçados é uma das principais parceiras da ApexBrasil para alavancar as exportações brasileiras”, disse. Segundo ela, a indústria calçadista brasileira, como a principal produtora do Ocidente, tem muito espaço para crescimento no mercado internacional.
Movimento Próximos Passos RS
Lançado na feira do ano passado, o Movimento Próximos Passos RS, que ajudou mais de 3 mil pessoas atingidas diretamente pelas enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul em maio de 2024, teve seus resultados apresentados. Ao todo, o Movimento, realizado pela Abicalçados em parceria com a Associação Brasileira das Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) e empresários do setor, arrecadou mais de R$ 6,4 milhões em doações. O benefício foi distribuído, diretamente, para 3,17 mil pessoas em 33 cidades nos vales do Sinos, do Taquari e do Paranhana.
Relatório
O Relatório Indústria de Calçados - Brasil 2025, lançado no evento com dados detalhados da indústria calçadista nacional e projeções, pode ser baixado gratuitamente no link .
Também participaram da coletiva de imprensa o CEO do Bischoff Group, Jorge Bischoff; a diretora da Strike, Beth Brito; a diretora-executiva do Grupo Sugar Shoes, Rodaika Diel; o presidente da Klin, Carlos Mestriner; e o diretor comercial da Di Valentini, José Filho.
DADOS 2024
PRODUÇÃO DE CALÇADOS (TRIMESTRE); +0,8% em relação ao mesmo período de 2024, para 212 milhões de pares
CONSUMO INTERNO (TRIMESTRE): +0,1% em relação ao mesmo período de 2024
EXPORTAÇÕES US$ (QUADRIMESTRE): +1,5% (US$ 349 milhões)
EXPORTAÇÕES PARES (QUADRIMESTRE):+9,7% (39 milhões de pares)
DESTINOS QUADRIMESTRE: ARG (passou os EUA), EUA e FRA (em US$)
ORIGENS QUADRIMESTRE: RS, CE e SP (em US$)
IMPORTAÇÕES US$ (QUADRIMESTRE): +23,4% (US$ 188,9 milhões)
IMPORTAÇÕES PARES (QUADRIMESTRE): +28,3% (16,5 milhões de pares)
EMPREGO (TRIMESTRE): Criados +9 mil postos no período, terminando março com 291,3 mil postos diretos na atividade, 1,5% mais do que no ínterim correspondente de 2024.
PROJEÇÕES 2025
PRODUÇÃO EM PARES: Crescimento entre 1,4% e 2,2% (o maior volume em 11 anos)
EXPORTAÇÕES EM US$: Crescimento entre 2,1% e 5,2%
EXPORTAÇÕES EM PARES: Crescimento entre 1,2% e 4,1%